UM MINI CONTO = MINUTO FINALE
MINUTO FINALE
...o jogo de futebol estava duro.
Pelada arrumada, bem organizada, bairro de classe média na cidade do interior mineiro.
Quarenta e oito minutos do segundo tempo. Escanteio. Juiz olhando o relógio e respirando fundo, com o apito na boca.
Dentro da área a confusão geral. O agarra-agarra. O juiz falando com a boca cheia:
--- Cuidado, eu estou vendo! Vou por pra fora...
Corre-corre, tropeça-tropeça, puxa-puxa, empurra-empurra, abraça-abraça, xinga-xinga, tromba-tromba.
O ponta esquerda prepara-se para levantar a bola na área, última chance, 1x0, o empate dá o sonhado título inédito: Campeão da Colina Verde. Trinta anos de disputa, sempre o segundo, sempre o vice. Ainda não será desta vez, pensa a defesa, o goleiro apavorado, cospe nas luvas, bate palma, sai poeira.
De longe parece tumulto sem controle.
Aí aparece o recuo do centroavante. Chega imponente, bufando, vem acompanhando goleiro que sonha com o gol-sucesso na última tentativa. É tudo ou nada.
O centroavante é matuto. Chegou há três meses e queria lavar o rosto na privada branquinha. Trazia na bolsinha ensebada de couro um revolvinho enferrujado. Veio dizendo que era valente na tentativa de ninguém zombar dele. Todo elenco respeitou. Ninguém zombou. Em cinco partidas como titular marcou 8 gols. Como milagre entendeu a regra do impedimento após um mês do “Professor” e os parceiros mais pacientes explicarem para ele.
Foi este jogador que apareceu na área acompanhando o goleiro. Foi ele que viu sair poeira e sentiu o cheiro acre de suor na área, verdadeiro campo de guerra.
--- Ei, psiu! Disse e fez uma pausa.
No exato momento que o cobrador de escanteio correu para chutar, naquele pedaço de instante nervoso, todos olharam para ele. Até o juiz.
Respirou fundo, espalmou as mãos enormes e disparou:
--- Carma pessoale. Não apavoreja, não!
...o jogo de futebol estava duro.
Pelada arrumada, bem organizada, bairro de classe média na cidade do interior mineiro.
Quarenta e oito minutos do segundo tempo. Escanteio. Juiz olhando o relógio e respirando fundo, com o apito na boca.
Dentro da área a confusão geral. O agarra-agarra. O juiz falando com a boca cheia:
--- Cuidado, eu estou vendo! Vou por pra fora...
Corre-corre, tropeça-tropeça, puxa-puxa, empurra-empurra, abraça-abraça, xinga-xinga, tromba-tromba.
O ponta esquerda prepara-se para levantar a bola na área, última chance, 1x0, o empate dá o sonhado título inédito: Campeão da Colina Verde. Trinta anos de disputa, sempre o segundo, sempre o vice. Ainda não será desta vez, pensa a defesa, o goleiro apavorado, cospe nas luvas, bate palma, sai poeira.
De longe parece tumulto sem controle.
Aí aparece o recuo do centroavante. Chega imponente, bufando, vem acompanhando goleiro que sonha com o gol-sucesso na última tentativa. É tudo ou nada.
O centroavante é matuto. Chegou há três meses e queria lavar o rosto na privada branquinha. Trazia na bolsinha ensebada de couro um revolvinho enferrujado. Veio dizendo que era valente na tentativa de ninguém zombar dele. Todo elenco respeitou. Ninguém zombou. Em cinco partidas como titular marcou 8 gols. Como milagre entendeu a regra do impedimento após um mês do “Professor” e os parceiros mais pacientes explicarem para ele.
Foi este jogador que apareceu na área acompanhando o goleiro. Foi ele que viu sair poeira e sentiu o cheiro acre de suor na área, verdadeiro campo de guerra.
--- Ei, psiu! Disse e fez uma pausa.
No exato momento que o cobrador de escanteio correu para chutar, naquele pedaço de instante nervoso, todos olharam para ele. Até o juiz.
Respirou fundo, espalmou as mãos enormes e disparou:
--- Carma pessoale. Não apavoreja, não!
1 Comments:
Esse é bão demais!!! :)
Postar um comentário
<< Home